Confesso
que não tive a dimensão de sua extensão naquele momento. Você
surgia incompreensívelmente invasor e resgatava o que de mim era em
mim tão desconhecido. Talvez não desconhecido, mas esquecido. Não
falo de amores impetuosos; esses, sempre soube como chegavam e como
partiam, levando com eles alguma parte de mim, que, na verdade, não
interessava mais.
Hoje
invoco o que sentia, sinto e sentirei por você, em momentos muito
especiais, como uma conjuração que se lança às forças da
natureza. Momentos especiais quando preciso criar. Você conhece como
são estes momentos. Uma angústia e uma dor, que passam a dirigir
seus passos e pensamentos, e a gente entra naquele universo paralelo
onde tudo se amalgama, e a alma, frágil, hesita.
Não
é a você quem invoco. Não se invoca uma pessoa. Isso seria
egoísmo. Invoco o Amor e ele tem você impresso. Por quê você?
Perdi muito tempo buscando essa resposta. Realmente não importa. É
você , e isso basta.
Você
é um Amor pra mim. Essa frase banal e kitsch se ressignifica e,
portanto, se justifica.
Te
busco em mim e te encontro em essência atemporal – o menino, que
já abrigava a responsabilidade do adulto, que agora guarda o menino,
num canto de sorriso, num louco brilho fugaz da retina.
Às
vezes, como agora, você surge sem que eu te invoque, enquanto vejo o
amanhecer da minha janela. Outras vezes , provocado por uma cena de
filme ou música, que servem de start e que daunloudam você
inteirinho pro meu coração.
Nessas
horas sei que posso me atirar alada no abismo da criação.
(escrito em Março de 2011)
(escrito em Março de 2011)
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