Eu estava no rio Design do Leblon, fazendo uma horinha entre uma aula do
Midrash e outra para um grupo particular em Ipanema. Lia um livrinho que
contém um ensaio do Sartre sobre a obra do Giacometti, quando o celular
tocou. Era minha nora. Disse ela: 'Não
sei o que vc vai fazer com essa informação, mas seu neto está lá em casa
choramingando e diz que está com muita saudade da vovó Cris. Diz que
está com saudade de você contar pra ele as histórias do Caminhão de
Laranja. A babá já se ofereceu pra contar, mas ele insiste que NINGUÉM
sabe contar, só a vovó Cris!'.
Em seguida liguei pra ele. " Vovó,
você está no seu trabalho?" Estou, meu amor. Mas também estou morrendo
de saudade de você. "Quando você acabar o seu trabalho, a gente se liga,
tá vovó?"
Fui dar aula em estado de graça.
Corri pra casa depois e, ao ver que a luz do quarto dele ainda estava acesa, parei lá antes de subir pro meu apê.
A expressão de encantamento de seu olhar quando eu cheguei de surpresa,
é inesquecível. E contamos a história do Caminhão de Laranja, cujo
motorista é o Laranjeiro e o parceiro dele é o Laranjado. Uma história
sempre inventada por nós dois, que não tem fim.
Sartre e Giacometti não tiveram netos. Nem imaginam o que vivi hoje.
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